FLAGRANTES FEITOS POR CÂMERAS DE VIGILÂNCIA DENUNCIAM O QUANTO COTIDIANO E FICÇÃO SE CONFUNDEM.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

outra aparição- relato de antonio Carlos Meira.

eram 3 horas da manha é...
me preparava para ir para o sono mais adequado da hora,
quando:
-blin blim
-Mas a essa hora!!sabia que não era um amigo
pô e agora? continuo aqui ? atendo ?
Vo abria a janela.
-Ou, me empresta um isqueiro aí, um fosforo aí pra acender esse cigarro aqui é a qui ó.
aí eu fique sem ne nenhuma reação
isqueiro? fosforo? cigarro, tem ceteza???
pensei e num impuso desabafei:
pô cara nessa hora Bicho , tres horas da manha pra pedir um fosforo
-A ta bom ,ja é, eu nunca mais vou aparece aqui, nunca mais vo aperta a sua campainha, mas me empresta o fosforo aí.

a se vira véio , eu vo dormi!
- ja é então
- ja é
- ja é

quinta-feira, 29 de abril de 2010

quem tem

-Bibêlo de gesso
-flor de plastico
-lembranças de viagen
-penteadeira velha
-bicho de pelucia (feio)
-Quadro de formatura de criança
-Abajur
-Colcha de cama de casal com babados ou de cor vinho
-almofadas coloridas
-poster de cantor
-toalhinha de crochê
-Quadro com mensagens biblicas
-quadros com imagens de santo
-enfeites cor de rosa
-mangueira para nebulização (um metro)
-caneta prateada ou estilosa.
-copos de wisk
-cha mate
-envelopes pardos
-papeis com gráficos
-cadeira de roda
-maquiagem
-chapéuzinho de enfermeira
-short curtissímo branco
-durex colorido (vermelho)
-termomêtro
-maquiagem
-seringa

ou coisas que os valha

terça-feira, 27 de abril de 2010

é de manhã e esse fedô de cachaça sabe -se lá





deve sê droga que esse cara ta usando , não é possivel!
e parece que só os nossos olhos atentos da janela.

pela manhã


em um lugar qualquer, qualquer beco fim de mundo ou começo, O Cara não sabe seu lugar, anda e passa , assusta e passa.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Senhor Cara




Assim é o cara
que passa e pede
sujo faminto
quase descalço
passa Carapaça
e fede

Cachaça Crack
drogas
Ei moço, você precisa de alguma coisa
dez reais, preu visitar minha mãe no hospital
dez reais
não tenho
se eu tivesse eu te dava
não tenho nada não
cara
passa
dez reais

segunda-feira, 19 de abril de 2010

cara passa, cão passa, todos passamos...

Manuel


O cotidiano vicia. É cômodo como a preguiça presente ao acordar. Inicia seu processo de perversão no primeiro gole de café e segue corrompendo o livre arbítrio no momento em que blasfema o trabalho.

Final de semana, 3:30h da manhã. A feira de domingo promete multipicidade de deja vus, que já não trazem mais surpresas. O orvalho em cima das frutas escorre milimetricamente como das outras vezes. O motor da velha Rural ressoa barulhos familiares e o cheiro do diesel passa despercebido.

Durante o trajeto, o cotidiano se faz rotina. Na cidade, o ato de montar a barraca carrega esforços disciplinados, quase mecânicos, e a luz do sol anuncia: é hora de bater o ponto!

A movimentação cresce com o tempo. Passam pessoas sem rosto, pessoas sem sexo, pessoas se nexo. As coisas se “coisificam”, perdem sua identidade, perdem seu cheiro, perdem sua cor, pedem seu brilho e seu valor.

Um burburinho corta o barato e ameaça a quebrar o êxtase da rotina:

_ “Seu aleijado, tarado”. Berra uma mulher.
_ “Gostosa!” Agride o tal aleijado.

(As coisas começam a se descoisificar...

_”Sua vagabunda! Você não sabe que ele é virgem!?” Toma as dores uma outra mulher.

...ganham cores, cheiros, valores e identidades.)

Passa um cara e pede 10 reais! Passou.

_“Ou, calma aí gente, vamo parar com essa briga! Pra que isso?”

É aberta uma fresta na rotina de pensamentos e atos, que, por um curto e intenso período, alteram o ciclo natural da maquete do cotidiano. O sujeito ganha nome. Manuel ganha vida, Manuel ganha sentido, Manuel se faz presente.

_ "Aparta aí gente, aparta!" Manuel se faz Manuel.

sábado, 17 de abril de 2010

Um dia de feira.



Lá na feira houve distribuição de cápsulas de adrenalina espalhadas em bosta, pinto mole roçando a coxa, em gratidão desmedida, em admiração mutua, em medo de não ter entendido o quanto a arte deve ser pública, em sonhos e manias...



O que é comprado na feira de domingo nos acompanha durante os dias que se segue e é consumido e comentado.
Desejo que essa dose de adrenalina pulse durante a semana nos olhares da vidinha mesma de cada dia e que os almoços e jantares feitos com tudo que trouxeram da feira sejam saborosos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010


olho

Há meu olho,o olho que me apresenta o mundo, tudo só é como é para mim, porque ele assim o mostra, e ele mesmo passa despercebido.
E esse órgão é percebido como ferramenta quando é preciso dar atenção a algo, mas isso não pode durar muito, ele tem que ser esquecido logo.
Meu olhar deve ser amalgamado pelo que eu reconheço ser eu mesmo.
Pelo que reconheço ser minha posição no mundo.






Há o olho do outro... que invade.O olho alheio presta atenção em um detalhe que nem imaginamos qual pode ser e o mais importante , o porquê a atenção é dada para justamente aquele detalhe?!




Há o olho público que não pertence a ninguém e representa o olhar de todos, para ele tudo esta aí, mas nada é visto de verdade.
Nada é visto porque para que algo seja realmente visto é necessário que junto com o movimento mecânico do olho haja uma intenção em ver e o olhar público é sem dono, sem guia, o que é público pertence a todos e no entanto não é de ninguém, o olhar público é seco, sem foco.



E então aqui estou em um blog, tentando fazer algo diante da estranha situação:
Olhar público é meu, pois sou parte do público.E é público e por isso, não posso agir como se fosse só meu .

Se por detrás do olho público estivesse um Eu amalgamado, um cérebro, uma alma pública, estaria clamando para que cada um tome o que é seu e assuma o comando do teu olhar. E não choramingue exigindo respeito de maneira afetada, como se hoje ainda estivéssemos no tempo em que respeito é algo que se dá apenas a quem merece.

Que nossas carapaças nos torne invisíveis, como é invisível tudo que é público.


produção banheiro


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cara passou

Fui abordada pela 4° ves por ele - o cara que passa. Assustei com a campainha que tocava uma e meia da madrugada. Abria janela , lá em baixo o corpo passante: me dá um fósforo pra eu fazer comida? - ah, fósforo ? péraí. fechei a janela. abria a janela:
não tenho não. Ele:Tá.
acompanhei-o com os olhos até sumir na esquina. passou novamente.